"Milhares de pensamentos passam em nossas mentes todos os dias, todos os segundos. O mundo gira, a vida passa, nada para! Presenciamos coisas, fazemos escolhas, formamos opiniões. Poemas e versos se fazem sem que percebamos, então vamos concretizar os pensamentos! A liberdade de falar nem sempre nos é dada, ou mesmo que dada, nem sempre nos convém falar. Bem-vindos ao meu mundo. Falemos o que pensamos!"







quarta-feira, 9 de junho de 2010

Doces lembranças

Como é bom acordar e sentir a vida me chamar.
Mesmo que eu brigue com o despertador. Nos dias frios é uma luta para abandonar o edredon, tem dias que esperneio feito criança.
Mesmo que eu não queira acordar cedo, todos os dias a vida me chama.
E a cada dia ela se transforma.
Hoje, no lugar de adulta, assisto a vida do meu irmão que ainda é criança, vivendo como eu vivia.
Como o tempo passa....
Antes era eu quem acordava cinco e meia da matina, pegava meu material, ia pra escola emburrada às vezes, encontrava com os amigos e tudo mudava, chegava meio dia e meio em casa, e tinha o dia inteiro pela frente pra fazer lição, dormir, jogar video game, ir para a casa das minhas amigas.
Antes eu tinha curso de inglês duas vezes por semana, e deixava pra fazer a lição em cima da hora.
Hoje eu mal tenho tempo de fazer um curso, hoje eu ajudo meu irmão nos trabalhos de arte porque eu adoro, hoje eu ajudo nos trabalhos de inglês, às vezes o levo à escola, às vezes tenho que ajudar a procurar figuras na revista, e vou lembrando da minha época de infância.
Maravilhosa saudade!
Eu lembro de reclamar por ter que acordar cedo, fazer lição, fazer um monte de cursos, aguentar professora chata...
Mas às vezes quando eu não queria ir pra escola, podia faltar.
Hoje tenho obrigações que eu tenho que cumprir sem escolhas.
Quanto mais a gente cresce, mais ficamos dependentes das obrigações, e isso é chato.
Sei que futuramente eu vou olhar para trás, ver o meu irmão adolescente e pensar: Poxa vida, que saudades da faculdade, de quando eu saia com os amigos, de quando eu chegava em casa e minha mãe tinha feito minha comida favorita, de abrir o guarda roupa e ter minhas roupas limpinhas e chegar no quarto minha cama estar arrumada.
Sei que a vida muda sempre, que amadurecemos e esquecemos de dar importância para as coisas que eram primordiais, mas meu irmão nunca me deixa esquecer a doçura de ser criança.
Sinto falta de fazer maria chiquinha no cabelo pra sair sem parecer ridícula, sinto falta de chegar em casa e almoçar, depois assistir desenhos até adormecer, saudades de amar brincar na areia, dos tempos que eu passava o dia inteiro andando de patins ou bicicleta, saudades de brincar com os amigos fingindo que eramos zumbis, saudades de provocar o síndico do prédio, saudades de me sentir gigante na balança do parque...
Às vezes vejo pessoas sem vida, sem sonhos, sem perspectivas. Pessoas que não enxergam a magia de ouvir uma música, pular na cama, jogar bola, se sujar de sorvete. Coisas que fazíamos no passado e que tanto nos divertiam...tudo era mágico, hoje certas coisas passam-se desapercebidas.
Vou crescendo mas nunca vou matar a criança em mim.
Hoje o sol bateu na minha janela. Mesmo que esteja muito frio, ele está brilhando e isso me motiva.
Em meio a prédios cinzas misturado com o verde das árvores, a cidade está tão linda! Está dourada, e as pessoas usam casacos pesados.
Não posso parar a vida e voltar a viver o que já vivi, mas quero continuar acordando todos os dias, e mesmo que eu esteja chata e reclamona, quero aprender a dar valor pelo ar que respiro.
Sinto frio, mas minhas doces lembranças me aquecem.

Um comentário:

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Olha, sinto que esse saudosismo misturado com optimismo não é nada hipócrita, ao contrário de muitos textos de blogues por aí que são apenas vontade, o teu é de facto algo que já é, e sei que és uma pessoa maravilhosa.


Também tenho saudades de minha infância, apesar de haver pesares também.

Mas é maravilhoso poder ir à escola, ter amiguinhos, falar bobagem... ser adulto não é fácil, e quando eu me veijo com 23 anos, sendo que é muito diferente de ter 13, não sei o que faço para conter o desespero... queria ainda ter sonhos. Quando eu tinha 15, 16 anos, tinha tantos! E com que convicção!

Vou logo começar do zero minha vida, mais uma vez, me desejo sorte, amiga. Precisarei, e muito.

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