"Milhares de pensamentos passam em nossas mentes todos os dias, todos os segundos. O mundo gira, a vida passa, nada para! Presenciamos coisas, fazemos escolhas, formamos opiniões. Poemas e versos se fazem sem que percebamos, então vamos concretizar os pensamentos! A liberdade de falar nem sempre nos é dada, ou mesmo que dada, nem sempre nos convém falar. Bem-vindos ao meu mundo. Falemos o que pensamos!"







quarta-feira, 19 de maio de 2010

Durante a madrugada...

Era madrugada. Acordei assustada.
Uma mão atravessara meu peito e agarrara meu coração me fazendo despertar rapidamente, e ia o apertando cada vez mais forte.
Naquela imensa escuridão, tateei os dedos no vão que separa meus seios para arrancar aquele braço.
Não havia braço, nem mão, não havia nada, era só uma terrível sensação.
Novamente aquela sensação de todas as noites, dessa vez muito mais forte.
Aquela dor ia me matando. Sentei-me na cama apoiando um braço no colchão.
Minha respiração falhava.
Passeei as mãos pelo colchão em busca do meu celular.
Encontrei-o debaixo do meu travesseiro.
O pequeno feixe de luz que se acendeu, mostrou a mancha de sangue na minha camiseta.
Era meu coração sangrando.
Meus dedos rápidos e trêmulos, discaram o seu número.
Só você era capaz de arrancar meu coração das mãos da saudade.
- Alô ?!
Sua voz sonolenta, foi como uma lança. As mãos da saudade iam cedendo.
- Alô?
Novamente, outro impacto no peito.
Pensei que aquilo pudesse me salvar, mas provocou outras dores.
Tentei falar, abri a boca e minha voz desapareceu.
Dessa vez, outras mãos me impediam.
As mãos da covardia taparam minha garganta, não deixavam eu emitir sequer um som.
Em pensamento, desesperadamente eu dizia:
- Aonde está você? Me tira daqui, eu imploro! Eu te amo!
Mas de repente outras mãos agarraram as minhas.
A lucidez lançou meu celular ao chão, e prendeu minhas mãos na cama.
As mãos da realidade empurravam minha cabeça para o travesseiro, e a saudade novamente começou a me apertar.
Fui dominada, todas aquelas mãos sobre meu corpo fraco, me impedindo qualquer movimento.
Senti uma agulhada no braço e o sono foi se espalhando por minhas veias.
Foi quando, com os olhos semicerrados, vi a fechadura se mexer.
Vi você entrar e me puxar daquela escuridão.
Entramos em um jardim lindo, cheio de tulipas vermelhas e amarelas, e orquídeas lilás.
A claridade ofuscava meus olhos. Eu havia permanecido na escuridão por muito tempo.
Você me sentou em um lindo banco branco com bordas douradas, e foi desaparecendo.
Eu sentia...eu não sentia! Nada, nem dor, nem alegria, nenhuma sensação.
Eu estava completamente vazia.
Foi quando um som alto atravessou o silêncio e começou a me sugar.
Aquele som insistente e irritante, ia me tirando dali.
Com as minhas mãos, tapei os ouvidos e fechei bem forte os olhos.
De nada adiantou.
De repente eu abri os olhos, respirei profundamente.
Eu estava na minha cama, o dia estava clareando, o despertador tocando e minha testa molhada de suor.
Me dei conta do pesadelo.
A saudade estava segurando o meu coração, mas permitia que ele batesse ainda.
Mais uma vez, era você a me atormentar.
Ainda deitada, movi os pés e toquei em alguma coisa fria que parecia muito delicada e suave.
Sentei para ver o que era.
Era uma tulipa...amarela.

Um comentário:

Ká Moraes disse...

Amo ler seu blog! Venho aqui com a certeza de que vou encontrar sempre algo interessante e belo.

Beijooo!!

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